sexta-feira, 8 de maio de 2020

Estudo de Witzel enviado ao MP para decretar 'lockdown’ prevê saída de casa apenas para fazer compras

Rio – O governador do estado, Wilson Witzel, determinou que uma força-tarefa composta por técnicos de dentro e de fora do governo que preparem um estudo para que seja estabelecido o lockdown – isolamento total – no Estado do Rio de Janeiro. Da mesma maneira, Witzel pede que seja preparado um planejamento para saída da medida mais dura já cogitada até agora, diante da pandemia do coronavírus.

Veja na íntegra do documento.
A determinação consta em um ofício do Witzel, encaminhado ao procurador geral de justiça do estado do Rio, José Eduardo Citola Gussem, como resposta a um pedido feito pelo Ministério Público estadual para que o governo avaliasse a adoção de restrições mais duras contra a Covid-19.
“Informo que determinei ao chefe do Gabinete de Acompanhamento e Fiscalização para que, junto às secretarias de estado de Governo, da Saúde, do Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais, de Transportes, da Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros Militar e Defesa Civil, elaborem uma proposta de conteúdo com subsídios para que seja decretado o lockdown – isolamento total – no Estado do Rio de Janeiro”, diz o texto.
O governador exemplifica ainda como seriam as primeiras ações deste neste sentido:  “O bloqueio de todas as entradas do estado do Rio de Janeiro e intermunicipais; proibição expressa da circulação de pessoas e veículos particulares nas cidades, exceto para as atividades de segurança, de manutenção da vida e da saúde, compras de gêneros alimentícios e serviços essenciais de entrega em domicílio; criação de um documento de autodeclaração amplamente disponibilizado para ser preenchido por toda pessoa que necessite circular nas cidades; e tornar obrigatório o uso de máscaras para todos que tiverem que justificadamente circular pelas cidades”.
No ofício, o governador ressalta seis itens que estão sendo levados em conta para possível determinação de isolamento total:
1. O aumento dos casos graves de COVID-19 no estado do Rio de Janeiro está caminhando para o consequente colapso do sistema de saúde;
2. Este aumento ainda não atingiu o seu auge;
3. Ao que tudo indica, os esforços empreendidos para ampliar a rede de serviços de saúde têm sido insuficientes para estabelecer uma retaguarda segura diante da elevação da ocorrência de casos graves;
4. A gravidade da epidemia se expressa no adoecimento e ocupação de leitos hospitalares, especialmente públicos, por grupos etários mais jovens, abaixo de cinquenta (50) anos, além dos idosos;
5.  Constata-se que paulatinamente a população fluminense não aderiu, na proporção em torno de setenta por cento (70%) que se esperava, às medidas de isolamento social ampliado já decretadas conforme se desprende das diversas cópias do Diário Oficial que instrui a presente resposta, resultando em frequentes aglomerações em diversas localidades, bairros e municípios;
6. Como bem alinhavado pelo relatório da Fiocruz, pari passu aos levantamentos estratégicos feitos junto a entidades no exterior, especificamente nos países diretamente mais afetados pela pandemia do Covid-19, a experiência internacional mostrou que o aprofundamento das medidas restritivas foram fundamentais para a redução do número de casos e óbitos.
Plano de saída
No mesmo ofício enviado ao procurador, o governador deixa claro que o mesmo planejamento visa organizar a eventual saída do estado de isolamento total.  “O mesmo colegiado encontra-se elaborando um plano de saída do lockdown, que deve incluir um conjunto de medidas voltadas para a saúde da população e da economia do estado, sendo pontuado por indicadores ou gatilhos, que balizarão os momentos ou fases dessa abertura, que será lenta e gradual, acompanhada por robustas medidas de fiscalização, acompanhamento e aplicação de sanções, plano este que, em linhas gerais, estará fundado na aplicação de estratégias de testagem de massa, que permitam monitorar a intensidade de portadores de anticorpos na população, sua variação temporal, e a identificação de indivíduos transmissores e seus contatos a serem submetidos a um regime de quarentena”.



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